Demanda de software e a busca pelo perfil do fornecedor de serviços de desenvolvimento
Encontrar o fornecedor que vai “dar conta do recado” nem sempre é uma tarefa trivial, seja qual for a demanda. Vale considerar ainda o fornecedor que atende como prestador de serviços: o(a) profissional autônomo(a). Existe um conjunto de perguntas com respostas variáveis e restrições que pesam nessa decisão: Qual seria o conhecimento mínimo necessário para se iniciar a busca? O processo de busca atual é adequado? É possível identificar padrões de aplicação e os perfis de profissionais adequados para desenvolvê-la? Existem estudos de casos de “match” de demanda e perfil profissional que podem contribuir?
Uma das principais razões que levam as empresas a terceirizar a área de TI é (FOINA, 2001):
“Foco no negócio: a empresa foca no seu negócio principal, deixando para os terceiros as atividades que não estão relacionadas aos produtos oferecidos pela própria.”
O que vale para Startups: O mesmo relatório ainda aconselha terceirização apenas parcialmente quando “TI tem papel estratégico dentro da Empresa” e quando “A empresa contratante está no início de maturidade.”, excluindo os casos onde T.I. é instrumento da atividade-fim de uma scale-up, por exemplo.
- Esclarecendo o problema “em casa”
- Explorando soluções existentes para o problema
- Ferramentas e serviços sugeridos para encontrar profissionais
- Qualificação do responsável pela seleção
- Filtrar e comparar os perfis: formação, certificações, portifólio, trabalho em equipe
- Provando a capacidade dos selecionados
- Escopo, Cronograma, Orçamento
- Política de documentação
- Iteração, Feedback, Métricas
- Para concluir
- BIBLIOGRAFIA
Esclarecendo o problema “em casa”
Determinar a real necessidade de um software é papel dos gestores de tecnologia do negócio. Determinar quando ele deve ser feito “fora de casa” é ainda decisão estratégica. Quando o especialista em tecnologia não existe, os próprios gestores do negócio são obrigados a tomar parte do problema e atuar na busca pela solução de software, alinhados aos setores Comercial e Recursos Humanos.
Para garantir bons resultados na busca, deve-se criar expectativas realistas, condizentes com a mão de obra e tecnologia disponível no mercado: ainda não é possível criar um reator nuclear com uma impressora 3D, nem contratar um profissional que crie um ERP software em seis dias e descanse no sétimo (mas eu bem que tentaria com Laravel).
Há poucos dias fui abordado por um cliente que deseja contratar um profissional para desenvolver toda uma estrutura “própria”, “do zero”, para publicar seus cursos de curta duração online. Sua justificativa é a de que não deseja depender de serviços online e de que precisa começar rápido. Felizmente, consegui convencê-lo de que o ideal é contar com serviços e plataformas que entreguem a tecnologia para possibilitar a criação do produto em tempo hábil.
O estudo de Ana Cristina e cia. descreveu ainda divergências entre gestores do negócio e profissionais do RH e indica que uma comunicação “mais próxima” é necessária para alinhar melhor as estratégias de contratação. Delegar a tarefa de contratação ao profissional do RH envolve sua qualificação para análise de perfis de desenvolvedor. Este é um problema atacado por diversas ferramentas e serviços que serão sugeridas a seguir.
Veja na fonte: O profissional de Tecnologia da Informação e Comunicação e o mercado de trabalho no Distrito Federal
Explorando soluções existentes para o problema
Este é um problema conhecido do mercado? Como o concorrente faz pra resolver? Qual fornecedor pode suprir a demanda parcial ou completamente?
Deve existir um processo de prospecção de serviços terceirizados, que compreenda as justificativas para a terceirização e o esclarecimento dos riscos envolvidos, como indicado por Paulo e Santana em seu estudo de caso sobre terceirização.
Veja na fonte: Processos de gestão de terceirização em Tecnologia da Informação: estudo de caso*
Ferramentas e serviços sugeridos para encontrar profissionais
Existem plataformas consolidadas no mercado, especializadas em networking e análise de perfil:
LinkedIn, Stack Overflow, Vulpi, Workana, GetNinjas, Catho. Essas dispõe de grandes catálogos de profissionais nacionais e estrangeiros com diversos tipos de filtros. Existem filtros de busca que vão além de consultas a catálogos e já utilizam algoritmos de I.A. para descobrir o profissional que você precisa, cruzando informações desse profissional na rede.
Qualificação do responsável pela seleção
Qual o colaborador mais adequado para fazer a seleção? Comercial ou RH? Ambos? O que se espera do responsável pela seleção é que ele aponte o fornecedor especializado, comprometido com o escopo, cronograma e orçamento, com estrutura e mão de obra que atendam a um nível de serviço em determinado time-to-market. Se, para alcançar esse resultado seja necessária cooperação de Comercial e RH, que assim seja.
Na falta do especialista em tecnologia, o profissional de recursos humanos deve ser capacitado para realizar esse tipo de seleção: isso porque as skills de desenvolvedores a serem analisadas são distintas de outros processos de seleção. É comum encontrar falhas logo na descrição das vagas, onde constam requisitos de tecnologia que não são necessárias para o trabalho. Tão comum quanto profissionais de RH que não assimilaram o suficiente sobre as tecnologias e os objetivos de negócio para avaliar corretamente os perfis dos profissionais.
Para FALCONE (2001), citado por MACHADO (2005) em “Buscando as qualidades necessárias ao profissional de Tecnologia de Informação”, existem 3 passos a serem seguidos por um profissional não técnico que deseja entrevistar um candidato técnico:
1 – Esclarecer as limitações técnicas de entrevistador;
2 – Permitir que o desenvolvedor auto-avalie seus conhecimentos;
3 – Solicitar ao candidato que quantifique suas qualificações técnicas dentro de uma escala de 1-5.
Filtrar e comparar os perfis: formação, certificações, portifólio, trabalho em equipe
Podemos considerar como uma triagem inicial: uma espécie de licitação. A prioridade é dada ao profissional o qual compreender melhor os requisitos e se mostrar mais engajado à idéia do projeto, que possa atender um nível de serviço em determinado time-to-market. Esse profissional deve ainda demonstrar sua capacidade através da criação de um esboço do projeto.
Provando a capacidade dos selecionados
Habilidades comuns a todo perfil de desenvolvedor experiente são a capacidade de testar e versionar o código que produz. Testes sobre esses conceitos são de grande utilidade em uma primeira abordagem.
Exemplos de aplicação X Perfil profissional
Software Aplicativo | Exemplo | Perfil Profissional | |
Proficiência Backend | Proficiência Frontend | ||
Suíte de Escritório | Microsoft Office | Proficiente em linguagens desktop, como C++ ou Java | Java SE Swing ou MFC GUI Classes. |
Navegador | Chrome | Proficiente em protocolos de internet, linguagem desktop, como C++, e suporte de C++ a linguagens web | Java SE Swing ou C++ MFC GUI Classes. CSS/HTML e JavaScript. |
Antivírus | Avast | Proficiente em contingência, banco de ameaças, comunicação de redes, sistema de arquivos, linguagem performática em termos de S.O. como C++ ou Java | Java SE Swing ou C++ MFC GUI Classes. |
Stream de Música | Spotify | Streaming de mídia, comunicação de API, linguagem multiparadigma | Java SE Swing ou C++ MFC GUI Classes. |
ERP | TOVS | AdvPL, Bancos de dados, comunicação de API, integração de aplicações, linguagem orientada a objetos, familiaridade com SOA e MVC | AdvPL Visual e CSS |
Aplicativo | Arquitetura em sockets, computação distribuída, banco de dados noSQL | Android UI, iOS UIKit | |
Portal Web | WordPress | Linguagens web, linguagem orientada a objetos | Temas e Plugins, HTML5/CSS3 |
Escopo, Cronograma, Orçamento
A colaboração faz toda a diferença. A criação do escopo é o momento ideal para explicitar expectativas. O escopo deve conter os requisitos funcionais e não funcionais. A partir de um escopo claro, fica mais factível dividir unidades do projeto para delegar tarefas a mais de um fornecedor. A partir do escopo, o cronograma pode ser estabelecido com maior coesão: as sprints são definidas e o progresso é verificado periodicamente. O fornecedor sabe seus custos e a sua média de valor de mão de obra: com cronograma e escopo em mãos, o valor do orçamento produzido é mais realista, entregue a partir de informações confiáveis.
Política de documentação
O profissional contratado não pode reter informação. Especificamente logins e senhas, modelos de bancos de dados, catálogo de rotas da aplicação ou qualquer outro tipo de informação que deva ser compartilhada. Partir desse princípio significa ser independente do profissional X ou Y para continuar o desenvolvimento, a partir de uma política que incentive a documentação do projeto e sua disposição para que outros desenvolvedores possam retomar o processo, caso necessário.
Iteração, Feedback, Métricas
Estabelecer milestones não é comum de todas as metodologias de gestão de projetos. É importante criar um MVP. É importante que o progresso seja mapeado bloco a bloco, em pequenas unidades, para que o valor comece a ser entregue antes mesmo do fim do projeto e o produto seja aprovado pelo seu público no menor time-to-market possível.
Para concluir
Descobrimos que conhecimento mínimo necessário para se iniciar a busca é o conhecimento da sua própria necessidade. O processo de busca atualmente conhecido peca em alguns aspectos como escassez de detalhes nos requisitos, capacidade técnica dos avaliadores, falta de controles, feedback e milestones. É possível identificar padrões de aplicação e os perfis de profissionais adequados por meio da análise de softwares já existentes. Estudo de casos de “match” de demanda e perfil profissional podem contribuir no sentido de reportar os erros comuns no processo de busca pelo perfil do fornecedor de serviços de desenvolvimento.
BIBLIOGRAFIA
FOINA, Paulo Rogério. Tecnologia de informação, planejamento e gestão. São Paulo: Atlas, 2001.
FALCONE, P – Tech Interviews for the non-techies (HR Magazine 10/2001; 46, 10 p. 133) – 10/2001
MACHADO, R. G. Gestão de Pessoas: Buscando as qualidades necessárias ao profissional de Tecnologia de Informação. In: 2º Contecsi – Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação, 2., 2005, São Paulo/SP.
Anais… São Paulo: CONTECSI, 2005. p. 1869-1880.
Revista Eletrônica de Sistemas de Informação, v. 15, n. 3, set-dez 2016, artigo 2 doi: 10.21529/RESI.2016.1503002
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